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BÁRBARA de Christian Petzold

Sinopse

1980, República Democrática Alemã. A exercer medicina em Berlim, Barbara tenta arranjar um visto que lhe permita ir ao encontro de Jörg, o namorado, à Alemanha Ocidental. Após a recusa do Governo, é desterrada para um hospital de uma localidade rural, longe da capital. Enquanto Jörg tenta encontrar um plano de fuga, ela aguarda pacientemente, evitando tudo o que a possa ligar àquele lugar. Porém, com o passar do tempo, acaba por se sentir atraída por Andre (Ronald Zehrfeld), um colega particularmente caloroso que se esforça para que ela se sinta em casa. Mas, mesmo quando acaba apaixonada por ele, Barbara não consegue entregar-se totalmente, obcecada com a hipótese de ele ser um espião contratado para seguir os seus passos. Assim, à medida que Barbara se vai deixando levar pelos sentimentos que a ligam a Andre, acaba por ser forçada a tomar uma decisão que mudará, irremediavelmente, a sua vida.

Um filme do alemão Christian Petzold ("Yella", "Jerichow"), que acabou por arrecadar, em 2012, o prémio de melhor realizador no Festival de Berlim.

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Ficha Técnica

Título original: Barbara (Alemanha, 2012, 105 min)
Realização e Argumento: Christian Petzold
Interpretação: Nina Hoss, Ronald Zehrfeld, Rainer Bock
Fotografia: Hans Fromm
Montagem: Bettina Böhler
Som: Andreas Mücke-Niesytka
Estreia: 31 de Janeiro de 2013
Distribuição: Leopardo Filmes
Classificação: M/12

Críticas

É tão bom ser livre
Luis Miguel Oliveira, Publico de 31 de Janeiro de 2013

Vamo-nos habituando a Christian Petzold, o que é uma boa coisa porque se trata de um dos mais interessantes cineastas alemães da actualidade.

Barbara, com data de 2012, é o terceiro filme de Christian Petzold a ser estreado em Portugal, e aparece escassos seis meses depois da estreia de um filme mais antigo, Jerichow, de 2009 (e antes disso, estreara-se Yella). Na sua ausência de espectacularidade e grandiloquência; no seu cuidado “humanista” na composição das personagens e ambientes em que se inserem; na espécie de “linha clara”, inteligência convertida em discrição, que domina as suas construções narrativas (com razoável influência, e já lá iremos, do clássico americano); na relevância, frequentemente irónica, do comentário social que os seus filmes produzem; nisto tudo, Petzold (que nasceu em 1960) parece hoje um herdeiro de alguém como Rudolf Thome, talvez o mais discreto elemento de uma geração anterior de cineastas alemães, a de Fassbinder ou Wenders.

Barbara leva-nos à RDA do princípio dos anos 80. É a história de uma médica berlinense (a excelente Nina Hoss, uma “regular” de Petzold) desterrada para uma terreola perto da costa do Mar do Norte (que também era a geografia de Jerichow) depois de ter tido a ousadia de pedir uma autorização para emigrar. Desterrada e vigiada, que a Stasi, mesmo nas berças, não brinca, e todos são, ou podem ser, “informadores”. Mas Petzold filma isto sem paranóia nenhuma, nem sequer revanchismo - o médico que controla Barbara é à sua maneira também uma vítima (e numa das melhores cenas, uma lição de pintura sobre a Lição de Anatomia de Rembrandt, sinaliza-lhe o lado em que está), e até o oficial da Stasi, se começa por ser um vilão reminiscente dos nazis languianos (esparramado numa cadeira com um sorriso cínico enquanto Barbara é revistada e humilhada), terá direito mais tarde, e sempre num contexto hospitalar, a um sopro de humanidade.

O que condiz perfeitamente com o carácter anódino da própria “reconstituição” da RDA, anos 80 - se não soubéssemos de antemão que eram esses o cenário e a data íamos demorar algum tempo a percebê-lo. Não há nem o folclore da östalgie (tipo Adeus, Lenine) nem aquilo é o lúgubre comboio-fantasma de As Vidas dos Outros, por exemplo. E praticamente toda a reconstituição de época é dada por sinais narrativos, é mais um “ambiente” do que um “cenário”, construído por detalhes directamente ligados ao comportamento e aos gestos das personagens - por todos, a opacidade furtiva e inquieta da acossada protagonista.

Há muita ironia a trabalhar em Barbara, dos diálogos (quando Barbara é acusada de ter um comportamento “separado”, ela que foi “separada” da sua vida num país definido pela sua “separação”...) a esta descrição de um ambiente totalitário em ponto pequeno e provinciano. Há também bruscas enxurradas de severidade, como a história da miúda fugida de um campo de trabalho, que virá a ser crucial para o desenlace. E há, claro, não pouca ambiguidade no olhar sobre o Ocidente, através da personagem (um ocidental) do namorado de Barbara, que a vem visitar em encontros-relâmpago e pretende fazê-la passar para o outro lado. Num desses encontros diz uma daquelas frases mágicas ao contrário, que parece que estragam tudo: que ganha muito bem e por isso Barbara não precisará de trabalhar quando passarem para o Ocidente (e somos nós, não é o filme, quem diz que é esta a frase que estraga tudo). Abre-se o caminho para o desfecho, mais irónico do que sacrificial; e no campo-contracampo dos últimos planos, quase estamos à espera que Petzold (que “adaptou” em Jerichow o Carteiro Toca Sempre Duas Vezes e pediu aos actores de Barbara que vissem o To Have and Have Not de Hawks) faça alguém dizer que aquilo “é o princípio de uma bela amizade”. Não faz, faz melhor ainda: corta para o negro do genérico, e apõe-lhe uma canção dos Chic que diz que “it''s so good to be free”.

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