Siga-nos no Facebook / Twitter!

PROGRAMAÇÃO: JULHO 2013

Filme
JUL
4
Foto
Paul Thomas ANDERSON

Filme
JUL
11
Foto
Christian PETZOLD

Filme
JUL
12
Foto
Christian PETZOLD
* TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM!

Filme
JUL
18
Foto
Solveig NORDLUND


Sala de exibições Pequeno auditório
Casa das Artes de V. N. de Famalicão
Parque de Sinçães - V. N. de Famalicão

PROGRAMAÇÃO:
Cinema Paraíso 2013

Filme
JUL
3
Foto
Sam MENDES

Filme
JUL
10
Foto
Ben AFFLECK

Filme
JUL
17
Foto
Steven SPIELBERG

Filme
JUL
24
Foto
Andrew DOMINIK

Filme
JUL
26
Foto
Valeria SARMIENTO

Filme
JUL
27
Foto
Jacques AUDIARD

Filme
JUL
31
Foto
Woody ALLEN


Filme
AGO
14
Foto
Steven SODERBERGH

Filme
AGO
21
Foto
Wes ANDERSON

Filme
AGO
28
Foto
Tim BURTON

bottom corner

 
   

JERICHOW de Christian Petzold

Sinopse

Depois de informado da morte da mãe, Thomas (Benno Fürmann) deixa o exército e regressa a Jerichow, uma pequena cidade no nordeste da Alemanha. O seu objectivo é renovar a velha casa de família e recomeçar outra vida. Porém, naquele lugar os empregos são escassos e a vida difícil. É então que conhece Ali Özkan (Hilmi Sözer), um emigrante turco dono de uma cadeia de restaurantes e de uma casa no coração da floresta. Necessitado, Thomas aceita emprego como motorista de Ali. Mas é quando conhece Laura (Nina Hoss), a jovem e infeliz mulher do patrão, que Thomas percebe que a sua vida jamais será a mesma...

Um filme dramático escrito e realizado pelo alemão Christian Petzold, vagamente inspirado na obra "O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes", de James M. Cain.

Festivais e Prémios:

  • Festival de Cinema de Veneza – Selecção Oficial
  • Prémios do Cinema Alemão – Nomeações para Melhor Filme e Melhor Realizador
  • Prémios da Crítica de Cinema Alemã – Prémio de Melhor Filme

Download do Dossier

Ficha Técnica

Título original: Jerichow (Alemanha, 2009, 93 min)
Realização e Argumento: Christian Petzold
Interpretação: Benno Fürmann, Nina Hoss, Hilmi Sözer
Produção: Florian Koerner Von Gustorf, Michael Weber
Fotografia: Hans Fromm
Montagem: Bettina Böhler
Estreia: 13 de Setembro de 2012
Distribuição: Leopardo Filmes
Classificação: M/12
Página Oficial: http://www.jerichow-der-film.de/

Críticas

Deserto de almas
Luis Miguel Oliveira, Público de 13 de Setembro de 2012

Pegar na sordidez moral das histórias de James M. Cain - em especial O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes, que Jerichow adapta parcial e veladamente - e transpô-la para a época contemporânea, numa região do norte da Alemanha (do Leste): eis uma parte importante do projecto de Christian Petzold, mas que não resume tudo. A sua ideia é ir mais longe do que uma mera troca de cenários, e talvez por isso a zona de Jerichow, assim se chama a cidade, seja filmada como uma geografia à americana, horizontal e dispersa, onde a todo o lado se tem que ir de carro (se Jerichow é assim ou não, não sabemos, mas é importante que o filme a mostre assim - basicamente, é Petzold a filmar a antiga Alemanha de Leste como um deserto). A sua ideia, que parece óptimo princípio quando se trata de pensar um remake, é fazer uma versão filmada de O Carteiro... que nunca tenha sido feita: minimal, distante, sem se deixar seduzir, nem deixar alguém seduzir-se, pelas suas personagens.

Parece óbvio que Petzold teve em conta as mais célebres versões cinematográficas da história de Cain; e parece óbvio porque faz o contrário de todas elas. Nenhuma da intensidade erótica da versão Rafelson de 1981 (com Jack Nicholson e Jessica Lange): os corpos mal se tocam, e quando se tocam não há ali excitação alguma para ninguém, é uma coisa de impulso, quase animal, e neutra. Em vez do realismo sujo, promíscuo, da versão Visconti (Ossessione, de 1942), apenas uma espécie de fealdade muito normal e muito banal, snack-bars de beira da estrada, rulotes de kebabs, piqueniques na praia (aquelas entusiasmantes praias do mar do Norte) acompanhados de canções duvidosamente popularuchas. E em vez daquela sordidez feita pasta da versão Tay Garnett de 1946 (será pacífico dizer que é a melhor de todas), que parece que nos suja as mãos só por estarmos a ver o filme, obra-prima de glamour oleoso com o par mais sleazy da história do cinema americano (Lana Turner e John Garfield) - em vez disso, dizíamos, apenas desafectação, cuidadosa remoção de qualquer efeito de espectáculo, redução das personagens a meras silhuetas andantes e, a partir de certa altura, conspirativas (do amante sabemos muito pouco, da mulher o que sabemos é ela que o conta duma golfada, e o marido acaba por ser a personagem mais clara, mais exposta na sua fragilidade humana, mas nem por isso mais “simpática” do que a dos outros dois).

Tirar tanto de tanta coisa tem os seus riscos, mas também também não há razão para pensar que não era aqui, a esta versão esquelética, despovoada, e quase esquemática, da história de Cain, que Petzold queria chegar. Com tão reduzida caracterização, sobressaem os pormenores estranhos, provavelmente para serem tomados como simples falsas pistas - é importante o marido ser turco? é importante que o amante seja um veterano do Afeganistão “desonrosamente” desmobilizado? (Quem saberá). E com tão reduzida “acção”, sobressaem (traço reconhecível de outros filmes de Petzold) os micro-acontecimentos, os gestos, as posições, os contrastes físicos dos actores - e disto se pode dizer que é, no fundo, a “matéria” do filme. Não toda, no entanto: nos silêncios, nos “intervalos” entre as personagens (muito bem dados naqueles planos gerais em que estão os três, e há geralmente muito “ar” entre eles), há ali uma questão de comunicação, ou meramente de expressão, como que um bloqueio, que tem certamente a ver com a intimidade e os afectos mas também pode ter a ver - tanta falta de ambição, tanto tédio - com um comentário (ou talvez apenas com uma caricatura) de tipo sociológico. Maneira de dizer que, se Jerichow é de facto uma versão “nunca feita” da história de Cain, certos momentos permitem imaginar o que seria um nunca filmado Carteiro Toca Sempre Duas Vezes por Antonioni.

bottom corner