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Depois de passar uma temporada na prisão por fogo posto, o galego Amador regressa à sua terra natal sem amigos nem dinheiro, para viver com a mãe e refazer a sua vida, julgado por tudo e todos pelos danos do incêndio pelo qual foi responsável. Um filme de Oliver Laxe ("Todos Vós Sodes Capitáns"). Vencedor do Prémio do Júri (Un Certain Regard) no Festival de Cannes.
Oliver Laxe: fogo que arde e se vê Jorge Mourinha, Publico de 24 de Janeiro de 2020É um cineasta do mundo que escolheu a Galiza como seu miradouro. O Que Arde observa a tentativa de reintegração de um homem na sua comunidade, enquanto torna a paisagem numa personagem a parte inteira do filme.
Oliver Laxe nasceu em Paris, estudou em Barcelona, viveu em Marrocos — podíamos invocar o estereótipo do cineasta on the road inevitável no século XXI, perante um cinema globalizado e deslocalizado onde os financiamentos podem estar em qualquer lado. Se lhe perguntarmos, contudo, Laxe dir-se-á, acima de tudo, um cineasta galego. Os pais eram galegos, a aldeia dos pais marcou-lhe o crescimento, a Galiza é a sua âncora — bem como a âncora da sua terceira longa, O Que Arde, a história do regresso a casa de um homem condenado por fogo posto, rodado na própria região natal dos pais do cineasta.
Isso ajuda a O Que Arde seja um objecto tão importante, hoje: Laxe observa, com a generosidade de olhar de um Truffaut ou de um Téchiné dos bons tempos, essa tentativa de reintegração de um homem na sua comunidade, enquanto torna a paisagem numa personagem a parte inteira do filme. A paisagem já era central ao anterior Mimosas, fascinante devaneio lisérgico por Marrocos que evocava as circunvalações narrativas do cinema asiático contemporâneo; a sua rodagem deu origem a um outro filme lisérgico, The Sky Trembles and the Earth Is Afraid and the Two Eyes Are Not Brothers de Ben Rivers, cineasta com o qual Laxe tem uma relação permanente de cumplicidade.
Mas se o franco-espanhol se abre ao acaso do instante descoberto na rodagem, e evoca aqui e ali a possibilidade do entre-cruzamento do documentário com a ficção — tudo marcas nítidas do mais interessante novo cinema da Europa — fá-lo a partir de um lugar específico no mundo, de uma paisagem que o enche. Uma Galiza que é, hoje, uma das cenas mais activas do cinema europeu (que o digam Lois Piñeiro ou Eloy Enciso, entre outros). E o modo como O Que Arde vive do e no seu próprio cenário faz também ligações a algum do mais intrigante cinema português dos nossos dias (de Alva de Ico Costa à Mal Nascida de João Canijo passando pelo Ornitólogo de João Pedro Rodrigues); Laxe vê até, por muitas razões, O Que Arde como um filme com fortes ressonâncias lusas.
O que interessa, então, é mesmo isto: Oliver Laxe é um cineasta do mundo que escolheu a Galiza como seu miradouro. Vencedor do Prémio do Júri na paralela Un Certain Regard de Cannes 2019, O Que Arde tocou numa corda sensível do público galego, ultrapassando os 75 mil espectadores na região; depois da passagem pela competição do LEFFEST, vê-lo-emos nas salas em 2020.