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Uma sátira ao panorama político italiano da altura em que foi feito, sendo, em particular, uma metáfora da situação então vivida pelo Partido Comunista Italiano. A ação decorre praticamente sempre dentro de uma piscina onde decorre uma partida de pólo aquático que reflete os confrontos em causa. Entre dois gags fabulosos (o desastre de carro e a grande penalidade), um homem (Nanni Moretti) procura reconhecer-se e encontrar a função que lhe cabe no mundo. É o filme em que ouvimos Moretti dizer “le parole sono importanti!”. E em que ouvimos o I’m on Fire de Bruce Springsteen numa inolvidável sequência aquática em suspenso.
Uma grata recordação do cinema italiano: “Palombella Rossa”, de Nanni Moretti Jorge Leitão Ramos, ExpressoNestes dias de agora — que deviam ser os da Festa do Cinema Italiano — ver “Palombella Rossa” é testemunhar o melhor dessa cinematografia.
Traumatizado por um acidente, o dirigente do Partido Comunista Italiano (PCI) e praticante empenhado de polo aquático Michele Apicella sofre um súbito acesso de amnésia. Nessa amnésia inclui-se a sua identidade ideológica. Ele sabe que é comunista, mas interroga-se: o que é isso de ser comunista?
A pergunta e a situação — que Moretti trabalha, naquele misto de humor e de angústia que tornou o seu cinema irresistível — decorre maioritariamente no interior de uma piscina e durante um jogo de polo aquático. Muitos dos lances funcionam, aliás, como metáforas da ação política (como naquela jogada em que o protagonista se interroga se deve atirar para a esquerda ou para a direita do guarda-redes da equipa contrária e, nessa indecisão, acaba por falhar o golo da vitória). Mais: a identidade perdida de Michele Apicella (Moretti) não é apenas uma questão de crença política, é uma impregnação que convoca todas as vertentes da vida, pelo que “Palombella Rossa” é uma reflexão global que, na Itália de 1989, caiu em cima do PCI (e da esquerda, em geral) como um acicate à inquirição e à mudança. Lembremos que o PCI, ao longo de 1990, fez uma profunda reflexão que o levou, em janeiro de 1991, a autodissolver-se (Moretti testemunharia todo esse processo em “La Cosa”).
“Palombella Rossa” é uma obra-prima divertidíssima que impôs definitivamente o seu realizador como figura de proa da cinematografia italiana. Estreou-se no Festival de Veneza de 1989, rodeado de polémica. Recusado na Seleção Oficial, ao tempo dirigida por Guglielmo Biraghi, acabou por passar como evento especial na Semana da Crítica, graças à determinação de Lino Miccichè, que, num gesto inédito, o fez programar — e tornou-se o grande acontecimento dessa edição da Mostra.
Nestes dias de agora — que deviam ser os da Festa do Cinema Italiano — ver “Palombella Rossa” é testemunhar o melhor dessa cinematografia.