CINECLUBE DE JOANE

Março 2025
Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão

Programa mensal

de Brady Corbet
6 MAR 21h45
de Manuela Viegas, Regina Pessoa
13 MAR 21h45
de Jonas Trueba
20 MAR 21h45
de Maurice Pialat
27 MAR 21h45

As sessões realizam-se no Pequeno auditório da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Os bilhetes são disponibilizados no próprio dia, 30 minutos antes do início das mesmas.

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20 21h45

TÊM DE VIR VÊ-LA Jonas Trueba Traz Outro Amigo Também

Realizado pelo espanhol Jonás Trueba (“La Reconquista”, “Los Ilusos” ou “A Virgem de Agosto”), este filme fala-nos de dois jovens casais espanhóis que combinam um encontro na casa recentemente comprada de um deles, situada nos arredores de Madrid. Aqui é feito um retrato da amizade dos quatro, um pouco forçada pela insistência da visita. Rodado em oito dias (três no Inverno e cinco na Primavera), o filme tem interpretações dos actores Vito Sanz, Itsaso Arana, Francesco Carril e Irene Escolar. “Têm de Vir Vê-la”, o título deste filme, contém em si um duplo sentido: é uma afirmação dirigida a duas das personagens, que têm de ir ver a nova casa dos amigos; e, por outro lado, é um desafio de Trueba aos espectadores, que lhes diz que têm de ver a película em sala de cinema.

Título Original: Tenéis que Venir a Verla (Espanha, 2022, 65 min)
Realização e Argumento: Jonas Trueba
Interpretação: Vito Sanz, Itsaso Arana, Francesco Carril e Irene Escolar
Produção: Javier Lafuente, Jonás Trueba
Fotografia: Santiago Racaj
Montagem: Marta Velasco
Distribuição: Leopardo Filmes
Estreia: 4 de Maio de 2023
Classificação: M/12
“Têm de vir vê-la”, dizem Guillermo e Susana sobre a sua adorada casa. Vasco Baptista Marques, Expresso

Um filme onde o essencial reside nos intervalos entre as palavras, nos silêncios e gestos.


A concisão é o mantra do novo Trueba, que começa com uma sequência de quatro longos grandes planos. Eles sondam os rostos absortos das quatro personagens que ao longo de 60 minutos a narrativa conhecerá: dois casais da classe média na casa dos 35 (Daniel e Elena, Guillermo e Susana) que, nesse quadro, se reúnem à noite num café madrileno, para assistir a um concerto.
Longe de constituir um exercício de estilo, essa sequência serve para definir o modus operandi de um filme onde o essencial reside nos intervalos entre as palavras, nos silêncios e gestos que, ora traem o seu sentido ora remetem para o fora de campo dos discursos (isto é, para o que as personagens de facto sentem e pensam).
É assim que, após o concerto, a inquietação que julgávamos ter entrevisto no rosto de Daniel será, de pronto, neutralizada pelas suas palavras. Elas visam adiar sine die a resposta ao convite que então chega do outro lado da mesa, onde, depois de anunciar que estão à espera do primeiro filho, Guillermo e Susana vão gabando a nova casa de campo nos arredores de Madrid, rematando o seu discurso com a exortação do título.
Neste ponto, termina a primeira parte de um filme que, após uma elipse de seis meses, se dedica a relatar a visita de Daniel e Elena a casa dos amigos.
Desconsiderando as significativas revelações feitas pelos anfitriões, o que aqui sobressai é a forma como Trueba consegue mergulhar-nos numa espécie de ‘eterno presente convulso’. Com efeito, apesar da impressão de tempo suspenso que então cria (por via da encenação de uma tarde de fim de semana em que nada de especial acontece), a realização faz sentir que as personagens vão sendo a cada instante trabalhadas por dentro. Não só pelas memórias e anseios que o seu reencontro espoleta, mas também — como a penúltima sequência sugere — pela sensação de estranhamento a respeito do facto de estarem ali, juntas, passando umas com as outras através do tempo. Chapeau.