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PROGRAMAÇÃO: MAIO 2016


Filme
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Paul VERHOEVEN

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12
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Arnaud DESPLECHIN
* TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM

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19
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Duke Johnson e Charlie Kaufman
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24
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Billy WILDER
* ENTRADA LIVRE
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26
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Roberto ROSSELLINI

Sala de exibições Pequeno auditório
Casa das Artes de V. N. de Famalicão
Parque de Sinçães - V. N. de Famalicão

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TRÊS RECORDAÇÕES DA MINHA JUVENTUDE de Arnaud Desplechin

Sinopse

Depois de uma longa ausência no estrangeiro, Paul Dédalus está de regresso a França. Chegar a casa fá-lo reviver o passado e recuar a três momentos decisivos da sua vida: a infância, que deixou vários traumas devido à péssima relação com a mãe; uma viagem à antiga URSS, onde ajudou um jovem judeu a fugir do país; e, por último, a paixão por Esther, uma rapariga misteriosa que foi – e talvez ainda seja – o grande amor da sua vida...

Com realização e argumento de Arnaud Desplechin, um filme dramático que recupera a personagem Paul Dédalus, já antes apresentada em “Comment je me suis disputé... (ma vie sexuelle)”, também realizado por Desplechin em 1996. O elenco conta com a participação de Mathieu Amalric, Quentin Dolmaire, Lou Roy-Lecollinet e Dinara Drukarova, entre outros. “Três Recordações da Minha Juventude” teve 11 nomeações para os prémios César, entre eles o de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Argumento Original. Em competição na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cinema de Cannes, arrecadou o Prémio SACD (Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques).
Prémios César 2016 – Melhor Realizador

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Ficha Técnica

Título original: Trois Souvenirs de ma Jeunesse (França, 2015, 123 min.)
Realização: Arnaud Desplechin
Interpretação: Quentin Dolmaire, Lou Roy-Lecollinet, Mathieu Amalric
Argumento: Arnaud Desplechin, Julie Peyr
Fotografia: Irina Lubtchansky
Montagem: Laurence Briaud
Produção: Why Not Productions
Distribuição: Leopardo Filmes
Estreia: 10 e Março de 2016
Classificação: M/12

Uma carta de amor à juventude
Inês Lourenço, DN

Três Recordações da Minha Juventude foi das ausências mais notadas na competição oficial da última edição do Festival de Cannes. O facto será de sublinhar, com alguma perplexidade, porque estamos perante um belíssimo trabalho de ressonância emocional, no qual Arnaud Desplechin liberta uma encantatória destreza literária para visitar memórias.

Considerado como uma prequela de Comment je me suis disputé... (ma vie sexuelle), de 1996 - que não estreou nas nossas salas - Três Recordações é, no entanto, um filme com respiração própria, ligado apenas pelo jogo de nomes entre as personagens, que o cineasta perpetua na sua filmografia.

Paul Dédalus (sempre Mathieu Amalric) é então o homem a quem são despertadas três lembranças de um passado intenso - o drama da infância, uma passagem pela Rússia e o primeiro amor. Esther, centro e abismo romântico de Dédalus (num tempo em que ainda se escreviam cartas...) é o fragmento maior deste vívido passeio pela memória, evidenciando o fascínio do cinema pelas idiossincrasias da juventude. Muito em particular, as da juventude francesa. C"est merveilleux!

Desplechin, contador de histórias
João Lopes, Metropolis

Se existe uma segunda Nova Vaga francesa, não há dúvida que Arnaud Desplechin é um dos seus mais legítimos representantes. A classificação, obviamente, envolve alguma ironia, quanto mais não seja porque todos os cineastas franceses (a começar por Desplechin) têm consciência de que os tempos heroicos de revelação de Godard, Truffaut, Rivette, etc. não se repetem... Acontece que, das experiências da década de 60, ficou um valor que pode (e deve) ser sempre actualizado. A saber: a necessidade, simultaneamente estética e política, de questionar a retórica das formas narrativas dominantes, abrindo caminho a novas temas e personagens, quer dizer, a outras maneiras de contar histórias.

Nascido em Roubaix, no norte de França, a 31 de Outubro de 1960, Desplechin distingue-se, justamente, como contador de histórias. Desde o primeiro momento, desafiando as fronteiras clássicas entre o visível e o invisível, a vida e a morte: o seu primeiro filme chama-se mesmo La Vie des Morts (1991) e lida com uma personagem suicida, seguindo-se La Sentinelle (1992), crónica paradoxal, exuberante e fúnebre, sobre a Europa depois da Queda do Muro de Berlim.

A certa altura da sua carreira, Desplechin experimentou rodar um filme em língua inglesa: Esther Kahn (2000), notável retrato dramático de uma jovem, em Londres, em meados do século XIX, tentando concretizar o sonho de ser actriz. Protagonizado por Summer Phoenix (irmã mais nova de River Phoenix e Joaquin Phoenix), o certo é que o filme não implicou qualquer viragem significativa na trajectória do realizador que, ainda assim, voltou a filmar em inglês com Jimmy P.: Realidade e Sonho (2013), abordando a singular relação entre um homem de origem índia, traumatizado pela participação na Segunda Guerra Mundial, e um psicanalista (interpretados, respectivamente, por Benicio Del Toro e Mathieu Amalric).

De uma maneira ou de outra, Desplechin tem sido um observador metódico das alegrias e angústias dos mais diversos universos familiares, sendo os seus dois títulos mais conhecidos — Reis e Rainha (2004) e Um Conto de Natal (2008) — manifestações exemplares da sua vocação. Sem esquecer que, como atesta a sua longa-metragem mais recente, Três Recordações da Minha Juventude (2015), ele é, em última instância, um retratista das diferenças geracionais. Coincidência ou não esse foi também um tema visceral de muitos filmes da Nova Vaga.

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