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RAINHA DO DESERTO de Werner Herzog

Sinopse

Nascida a 14 de Julho de 1868, no condado de Durham (Inglaterra), no seio de uma família aristocrática, Gertrude Bell era filha do grande industrial Isaac Lowthian Bell. Inteligente e com um espírito aguerrido, extrovertido e aventureiro, foi admitida na Universidade de Oxford com apenas 17 anos, onde se formou com distinção em História, em apenas dois anos. Depois de terminar os estudos académicos, Gertrude decide viajar pelo mundo, visitando vários países do Médio Oriente, onde descobre a paixão pelo montanhismo e pela arqueologia e onde, além de se deixar fascinar pela riqueza cultural, se torna fluente em várias línguas. Com o início da Primeira Grande Guerra (1914-1918), alista-se na Cruz Vermelha para trabalhar em França. Devido aos seus conhecimentos da língua e costumes árabes, é enviada para o Cairo (Egipto), onde passa a trabalhar para o Governo britânico como sua representante na região. Durante este período, o seu caminho cruza-se com várias celebridades, entre elas o arqueólogo T. E. Lawrence, mais conhecido por Lawrence da Arábia. A 12 de Julho de 1926, Gertrude Bell, que sofria de vários problemas de saúde, foi encontrada morta, após ter ingerido uma dose letal de comprimidos para dormir.

Estreado no Festival de Cinema de Berlim, e com assinatura do aclamado realizador alemão Werner Herzog, uma história biográfica que adapta a obra homónima escrita por Georgina Howell (1942-2016) sobre Gertrude Bell, arqueóloga, escritora, cartógrafa e política britânica do início do século XX. O elenco inclui Nicole Kidman, James Franco, Damian Lewis e Robert Pattinson.

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Ficha Técnica

Título original: Queen of the Desert (EUA/Marrocos, 2015, 128 min.)
Realização: Werner Herzog
Interpretação e Argumento: James Franco, Nicole Kidman, Robert Pattinson, Damian Lewis
Produção: Michael Benaroya, Mark Burg, Cassian Elwes, Nick N. Raslan
Musica: Klaus Badelt
Fotografia: Peter Zeitlinger
Montagem: Joe Bini
Distribuição: NOS Audiovisuais
Estreia: 8 de Junho de 2016
Classificação: M/12

Gertrude da Arábia
Jorge Mourinha, Publico de 8 de Junho de 2016

Um filme atípico, menor, convencional de Werner Herzog, mas onde se reconhece a personalidade “do contra” do seu autor: Rainha do Deserto.

Onde está, nesta malfadada Rainha do Deserto que mereceu algumas das piores críticas da sua carreira, a “verdade extática” que Werner Herzog tanto exalta? Parecendo que não, ela está lá, mesmo que o filme tenha mais aspecto de melodrama romântico exótico para balzaquianas frustradas, cruzando as viagens e as paixões de Gertrude Lowthian Bell (1868-1926). Personagem verídica dos últimos anos do Império Britânico, aventureira e exploradora britânica que desempenhou um papel importante nas lutas pelo destino dos países árabes no início do século XX, Gertrude é também aqui uma espécie de proto-mulher moderna que recusou o destino subserviente de esposa aristocrata a que parecia estar fadada.

Ora, sabendo como Herzog pode ser perversamente do contra, não é possível pôr de parte que este filme atípico e menor seja uma “bofetada” àqueles que o querem conter numa gavetinha muito bem arrumadinha – à sua imagem, a verdadeira Gertrude Bell seguiu sempre a sua própria estrela contra ventos e marés. É compreensível que o realizador se interessasse pela personagem, e até que se reveja de algum modo nela – é nas viagens de Gertrude pelo deserto, no modo como elas abrem pistas de compreensão e leitura da personagem, que o filme revela a tal “verdade extática”. Afinal, se formos a ver, a câmara de Herzog nunca está tranquila, nunca pára; os seus planos são sempre longos, raramente fixos, sugerindo uma mulher em constante movimento ou as areias do deserto sempre sopradas pelo vento, mas permanentemente atentos aos actores e aos olhares. (Isso permite, aliás, a espaços alguns planos lindíssimos, como é o do baile no Cairo já perto do fim do filme.)

No entanto, essa proximidade entre Herzog e Gertrude (uma Nicole Kidman solidíssima) não resolve os muitos problemas de Rainha do Deserto: uma narrativa reduzida ao episódico do “compacto” de série televisiva; uma banda-sonora que parece estar a querer sistematicamente tornar o filme num qualquer encontro entre um sub-Lawrence da Arábia e um Paciente Inglês; o miscast inexplicável de James Franco. Sobretudo, a sensação de que o próprio Herzog, mesmo apesar de estar a trabalhar com a sua equipa de sempre (Peter Zeitlinger na fotografia, Joe Bini na montagem), perdeu o norte do filme que queria fazer ou se deixou levar pelo êxtase das paisagens de Marrocos e da Jordânia onde foi rodar. Não é caso para darmos o homem como acabado – Espírito Indomável (2006) esteve longe de ser um clássico e logo a seguir Herzog arrancou títulos brilhantes como Polícia sem Lei – Porto de Escala Nova Orleães (2009) ou Into the Abyss (2011) – mas é caso para recomendarmos Rainha do Deserto só aos incondicionais, ou àqueles que procuram um novo Paciente Inglês.

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