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Enquanto os protestos políticos contra um Governo cada vez mais autoritário se intensificam no Irão, Iman, juiz e investigador do tribunal revolucionário de Teerão, luta para cumprir ordens e manter o seu lugar. Quando a arma que lhe foi atribuída desaparece, ele começa a suspeitar da mulher e das duas filhas, que se afirmam contra a repressão e repudiam o facto de, a mando dos seus superiores, ele ter o poder de assinar sentenças de morte sem investigação, avaliação de provas ou julgamento. Essa desconfiança acaba por escalar a um ponto de não retorno, levando-o a tomar medidas drásticas que vão pôr em causa os fortes laços que sempre os uniram. Galardoado com o Prémio Especial do Júri, o Fipresci e o Prémio do Júri Ecuménico no Festival de Cannes e nomeado para o Óscar de melhor filme internacional, um drama político escrito e realizado pelo cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, também autor de “O Mal Não Existe”, que lhe valeu o Urso de Ouro no 70.º Festival de Cinema de Berlim.
A Semente do Figo Sagrado: Heroínas contra a tirania do Irão Manuel Halpern, Visão Uma obra maior de Mohammad Rasoulof que retrata o declínio moral do Irão. Nomeado para o Oscar de Melhor Filme
Para escapar às autoridades, que o condenaram a oito anos de prisão, Mohammad Rasoulof esteve a monte durante 28 dias, atravessando a pé a fronteira noroeste do Irão. O realizador, de 52 anos, já tinha passado vários anos preso por obras anteriores. A Semente do Figo Sagrado fala de heroínas que se opõem à tirania moral do Estado iraniano, mas um dos grandes heróis dessa história está do lado de cá da câmara.
Contudo, A Semente do Figo Sagrado está longe de ser um filme panfletário, no sentido em que o seu valor não se esgota na mensagem política de libertação que quer transmitir. É universalmente uma grande obra de cinema, que faz jus à melhor tradição do cinema iraniano. Rasoulof, de resto, já tinha assinado uma obra maior, o seu filme anterior, O Mal Não Existe. Aqui a coragem ainda é maior.
Rasoulof constrói personagens que vivem com dilemas morais profundos, e vão definindo um posicionamento ético, político e psicológico com o correr da ação, nunca se enquadrando num perfil estático. O contexto são as recentes grandes manifestações juvenis violentamente reprimidas pelas autoridades. Mas o protagonista não é um estudante em luta contra o regime, antes um “procurador” em luta consigo próprio. Ao drama do país sobrepõe-se um drama familiar – e um serve de metáfora para o outro.
No meio do choque de valores, entre o dever de obediência e a libertação moral, prevalece uma ideia de inevitabilidade. Há um regime de medo e suspeita, em que não se pode confiar nos entes mais próximos; um Estado que maltrata os seus filhos, um regime que está a ruir por dentro, numa falência moral incontrolada. O véu acabará por cair.
O filme constrói-se lentamente, sem nunca cair em excessos demagógicos, repetindo subtilmente máximas que conhecemos de outras revoluções: às vezes é preciso desobedecer, às vezes é preciso matar os “nossos próprios pais”. Na parte final há, no entanto, uma mudança de registo, aproximando-se quase de um filme de terror. Afinal, o mal sempre existe, mas o bem prevalecerá.