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PROGRAMAÇÃO: Novembro 2017

Filme
NOV
2
Foto
Stéphane Brizé

Filme
NOV
9
Foto
Paul Schrader

Filme
NOV
16
* ENTRADA LIVRE * em parceria com o binnar

Filme
NOV
16
* ENTRADA LIVRE * em parceria com o binnar

Filme
NOV
23
Foto
Benny Safdie, Josh Safdie

Filme
NOV
30
Foto
Pedro Pinho
* TRAZ OUTRO AMIGO TAMBÉM * 21h00


Sala de exibições:
Pequeno auditório
Casa das Artes de V. N. de Famalicão
Parque de Sinçães - V. N. de Famalicão


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PAUL

Sinopse

Há uma legendadora de filmes. Há um filme que ela tem de legendar com urgência. Há a acção desse filme, com a qual ela se relaciona a um nível que permanecerá enigmático para o espectador. E nesse filme dentro do filme há um protagonista, a quem a vida devora os sonhos, e outras personagens, também interessadas em sonhos, mas algo mais práticas. E há música, e uma promessa de música. Percorrendo o mundo, a destempo.

Nota do Autor

Paul é uma experiência pessoal com as expectativas, a percepção e as convenções de uma narrativa cinematográfica. Procurei que a sua estrutura incorporasse uma desconstrução a vários níveis (filmes dentro do filme, fragmentos de ficção, uma sequência quase documental), mantendo ao mesmo tempo a possibilidade de um envolvimento narrativo. Para tanto, Paul recorre a uma interacção ambígua da legendadora-protagonista com as personagens do filme dentro do filme, todas elas participantes de uma mesma realidade diegética; à manipulação de algumas sequências durante o processo de legendagem, com a alteração da percepção destas através da pausa, retrocesso e avanço da imagem, supressão do som e inserção das legendas; e à utilização de uma língua pouco conhecida, falada por actores sem qualquer familiaridade com ela. Tentei que o filme assim criado evocasse o tipo de ecossistema instável e vulnerável do qual retirou o seu título: o paul onde vagueiam, e de certo modo se definem, os heróis de um filme que não resolveremos. É verdade que eles pouco revelam. Por vezes prolongam o silêncio ou, como a legendadora, nunca chegam a dizer palavra. Olhámo-los de relance e eles deixar-nos-ão (assim espero) a evocar as suas histórias hipotéticas e esperanças díspares. Uma fábrica algures. Uma incerteza que paira. E esse paul que prossegue sem eles. Sem nós.

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Ficha Técnica

Título Original: Paul (Portugal, 2016, 70 min)
Argumento, Realização e Montagem: Marcelo Félix
Interpretação: Alice Medeiros, Rómulo Ferreira, Crista Alfaiate, Mafalda Lencastre
Fotografia: João Pedro Plácido
Som, Montagem de Som e Mistura: Rúben Costa
Produção: Isabel Machado, Joana Ferreira
Distribuição: C.R.I.M.
Classificação: M/12

Muitas histórias e uma Estónia improvável no filme de Marcelo Felix
Jorge Mourinha, Publico de 22 de Abril de 2016

Marcelo Felix encadeia uma série de metaficções (ou metadocumentários?) numa experiência que procura criar algo de genuinamente novo. E que é partilhado com o espectador.

A segunda longa-metragem de Marcelo Felix, depois de A Arca do Eden (2011, estreada no DocLisboa desse ano mas nunca mostrada comercialmente), é um projecto onde a pulsão documental inicial – à volta da siderurgia e do desaparecimento dessas estruturas industriais – se metamorfoseou numa série de “bonecas russas”. Paul é uma espécie de “toca do coelho” onde imagens aparentemente documentais revelam um fundo ficcional e vice-versa, onde os filmes que uma tradutora vai legendando parecem “contaminar” a sua realidade (ou serem contaminados pela realidade dela), encadeando metaficções num “catálogo de possibilidades” ou de “fragmentos”, nas palavras do realizador.

“Parte do que me leva a fazer estes projectos é tentar ver coisas que raramente vejo no cinema,” explica ao PÚBLICO Felix, cineasta para quem a expressão “cerebral” parece ter sido inventada. “É um convite para entrar num modo de desconstrução, ao mesmo tempo que existe nesse modo dum reconhecimento da própria expectativa pessoal do espectador. Demorei algum tempo a cimentar uma chave para a minha necessidade de me relacionar quer com o documentário, quer com a ficção, e não me ocorre tentar perceber quais são os pontos importantes, se é ensaio, documentário, falso documentário, ficção aberta para todos os lados.”

Embora rodado em Portugal (com o orçamento de uma curta-metragem), Paul é inteiramente falado em... estónio, língua onde os “filmes dentro do filme” parecem decorrer. A opção decorre do próprio fascínio de Felix pelo cinema da antiga URSS, onde a vanguarda artística chocou de frente com a submissão ideológica, numa situação que ressoa na personagem de um operário vidreiro cujo talento artístico o coloca numa “espécie de má consciência em relação aos seus sonhos – alguém que domina aquilo que faz mas não tem grande prazer no que faz”.

O facto de Paul nunca esclarecer verdadeiramente o que se passa nas suas múltiplas realidades reforça o estatuto de ambiguidade do projecto, uma dimensão lúdica no explorar de caminhos que não foram tomados ou algo que pode ser uma projecção da própria tradutora, explica o seu autor. “Os filmes são uma possibilidade de Estónia cinematográfica que é improbabilíssimo que tivesse tido realmente lugar. Há uma ideia de precariedade, de cerco a mundos que são frágeis, onde há uma ordem qualquer que não existe mas tem de ser procurada...”

É uma procura que Felix deixa ao critério do seu espectador, em absoluta liberdade. “Não é uma questão de convencer ou seduzir o espectador, é uma questão de partilhar – de criar um desafio, um efeito que seja capaz de o interessar por algo que não sabemos de onde vem nem para onde vai nem como é que acontece. Basta-me saber que existem, e estão ali, filmes bastante misteriosos, coisas que me deixem a pensar e que ao mesmo tempo me dêem prazer.”

Marcelo Félix

A filmografia de MARCELO FELIX como montador, argumentista e realizador (no cinema e televisão) inclui ficção, documentários e séries documentais. A sua primeira longa-metragem, A ARCA DO ÉDEN (2011), foi exibida em vários festivais internacionais, como Roterdão, Jihlava, Doclisboa e Nouveau Cinéma Montreal, tendo recebido os prémios de Melhor Filme sobre Arte no Temps d`Images Lisboa, 2011, e de Melhor Filme no Festival Move Cine Arte, Brasil, 2012. Presentemente desenvolve o seu próximo filme, O MUNDO SÓ. Vive e trabalha em Lisboa. FILMOGRAFIA: A Arca do Éden (2011); Flor e Eclipse (2013); Ein Stern (2013); A Mare (2014); Paul (2016)

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