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EM SEGUNDA MÃO de Catarina Ruivo

Sinopse

Jorge é um escritor de romances de série B que acredita que todas as vidas são melhores do que a sua. Certo dia, conhece Laura, uma mãe solteira que luta por criar André, o seu filho pequeno. Com ela, julga ter encontrado a grande oportunidade de ser feliz. Porém, nenhuma vida é perfeita e Jorge cedo descobrirá que, por detrás da janela de cada casa, vive alguém que, tal como ele, trava uma luta diária para encontrar a felicidade. Segunda longa-metragem de Catarina Ruivo, segundo um argumento partilhado com António Pedro Figueiredo, “Em Segunda Mão” é protagonizada por Pedro Hestnes (1962 - 2011), que tem aqui a sua última aparição no grande ecrã. Para além de Hestnes, o filme conta com Catarina Durão, Vasco Apolinário, Marcello Urgeghe, Ricardo Aibéo, João Grosso, Luís Miguel Cintra, Joana de Verona e António Pedro Figueiredo, entre outros.

Download do Dossier

Ficha Técnica

Título original: Em Segunda Mão (Portugal, 2012, 110 min)
Realização e Montagem: Catarina Ruivo
Interpretação: Pedro Hestnes, Rita Durão, Luís Miguel Cintra
Argumento: Catarina Ruivo, António Pedro Figueiredo
Produção: Fernando Vendrell
Fotografia: João Ribeiro
Som: António Pedro Figueiredo
Distribuição: David & Golias
Estreia: 20 de Junho de 2013
Classificação: M/12

Críticas

As vidas dos outros
Luis Miguel Oliveira, Público de 20 de Junho de 2013

A terceira longa de Catarina Ruivo não reedita o sucesso da sua estreia ("André Valente"), mas sem abandonar os territórios que têm sido habituais no seu cinema (também no segundo filme, "Daqui para a Frente") introduz-lhes umas reverberações, sobretudo colorações, que fazem de "Em Segunda Mão" uma obra bastante curiosa.

A coloração é fácil de explicar: é escura, nocturna, uma sombra permanente que contrasta o lado multi-colorido, de “papelão”, que predominava em Daqui para a Frente. Esta sombra é a grande protagonista do filme, figura espessa, invasiva (óptima fotografia de João Ribeiro), tanto um “ambiente” como o único tipo de luz que os protagonistas são capazes de emanar (caso de Pedro Hestnes). Não é bem um melodrama, mas anda pelas redondezas, muito noir, até pelas incidências da narrativa, como se o ponto de referência tivessem sido aqueles melodramas, sombrios e assombrados, que se faziam muito na Hollywood dos “forties”.

A história é a de um homem, solitário escritor de romances manhosos, a quem é oferecida a possibilidade de uma vida pré-fabricada - mulher e filho, emprego bem remunerado na fundação do novo sogro. Vida que não é a dele, antes a de outro. Mas enquanto isto não se deslinda, a realizadora (que se auto-cita com graça: Rita Durão, que é a mulher, tem outra vez um filho chamado “André”...) explora algo que sempre gostou de explorar: a intimidade, familiar, conjugal, que aqui resulta sempre inconclusiva, como se faltasse a convicção a cada um para o papel que tem que representar, e a intimidade fosse isso, um “teatro”. É o ponto: a personagem de Hestnes é sobretudo um espectador das vidas dos outros (as janelas e as vidraças), e o arco do filme completa-se quando, no melhor plano do filme (outra vez as vidraças, como um ecrã), se consuma o regresso a essa condição.

Foi também, como se sabe, o derradeiro filme de Pedro Hestnes, que morreu pouco depois da rodagem. Despedimo-nos dele num travelling à chuva, ele a correr atrás da câmara. Talvez um “plano-homenagem”, num filme que, visto com a memória dos outros filmes de Hestnes (e com a memória daquele cinema português, dos fins dos 80 e dos anos 90, de que ele se fez “símbolo”), se torna também numa espécie de documentário sobre ele, sobre a sua presença, sobre o cinema que ela evoca (as cenas em que contracena com Luís Miguel Cintra lembram imenso a relação entre eles no Sangue, por exemplo). Não é mérito a subestimar, neste filme sobre “as vidas do outros” que acabou por ser o último testemunho da vida de Pedro.

(entrevista no dossier PDF)

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